SOBRE A OFICINA:
Nesta primeira oficina sugerimos retomar a tarefa de revisar programas reflexivos críticos originados em práticas antropológicas diversas. Queremos estabelecer cruzamentos e diálogos entre as trajetórias e singularidades daqueles que integrarão a oficina, a própria trajetória do GEAC e as propostas de alguns autores que têm se preocupado por criar condições, conceitos e coordenadas para a configuração de um espaço crítico de enunciação – seja na antropologia enquanto instituição/conhecimento especializado, seja na realidade política que perpassa outros espaços sociais. Buscamos, portanto, explorar a criação e a reatualização de certos enunciados críticos que nos permitam apontar para novos horizontes pragmáticos e investigativos. Para alcançar este objetivo, é preciso olhar com atenção para certas propostas que pretendem validar ou invalidar as apostas críticas nos atuais debates teórico-políticos e metodológicos. Para levar adiante este debate propomos quatro eixos temáticos:
-
- Retrospectiva do debate sobre antropologia crítica a partir do GEAC: neste ponto gostaríamos de resgatar algumas das intervenções publicadas tanto na Tinta Critica como no próprio blog do grupo.
- Vanguardas, modas e perspectivas anti e pós críticas: neste eixo queremos explorar argumentos recentes que têm sido produzidos no âmbito da teoria social crítica. Também buscaremos coordenadas para criticar tais argumentos.
- Perspectivas críticas possíveis a partir da antropologia: pretendemos, neste item, explorar alguns enunciados críticos recentes desenvolvidos, especialmente, na América do Sul. A ideia é avaliar criticamente suas possibilidades de apropriação e sua pertinência no cotexto das lutas atuais.
- Às Armas: neste tópico abordaremos um conjunto de textos que podem ser relevantes para a reflexão sobre as possibilidades atuais de construção do enunciado crítico a partir das práticas de pesquisa social. Os textos escolhidos provêm de diferentes espaços de produção intelectual e intervenção política, alguns deles situados fora das instituições acadêmicas convencionais. A partir da leitura destes materiais, os participantes são convidados a desdobrar suas próprias reflexões sobre as condições de possibilidade da formulação crítica tendo em vista os conceitos e temáticas originados de sua própria atuação enquanto pesquisadores.
PROGRAMA DE LEITURAS
Sessão 1: Restropectiva do debate sobre antropologia critica no GEAC
Textos base:
- A Tinta Crítica número 0;
- A Tinta Crítica número 1;
- A Tinta Crítica número 2;
- A Tinta Crítica número 3;
- Cosas que se dicen al margen: “‘Adieu’ a la antropología” (intervenção de Tomás Guzmán no blog do GEAC);
- Quando acordamos “a” Antropologia ainda estava ali: intervenção num debate sobre dissidência(resposta à intervenção de Tomás, também publicada no blog do GEAC).
Sessão 2: vanguardas, modas e perspetivas teóricas anti/pos/criticas.
Textos base:
- Saberes situados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. (Donna Haraway)
- O que é o iconoclash? Ou, há um mundo além das guerras de imagem? (Bruno Latour)
- Critical political ecology and the seductions of posthumanism (Fayaz Chagani)
Textos complementares:
- Manifesto ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. (Donna Haraway)
- O discreto charme de Bruno Latour ou a crítica da “anti-crítica” (Benjamin Noys)
- Uma interpelação feminista indígena à “Virada Ontológica”: “ontologia” é só outro nome para colonialismo (Zoe Todd)
Sessão 3: Perspetivas criticas possíveis a partir das antropologias:
Textos base:
- La política de la ontología: posiciones antropológicas (Martin Holbraad, Morten Axel Pedersen y Eduardo Viveiros de Castro)
- Desde abajo, por la izquierda y con la Tierra (Arturo Escobar)
- Introducción: colonialidad del poder y antropología por demanda (Rita Segato. Introdução do livro La crítica de la colonialidad en ocho ensayos, disponível aqui)
- Sufrimientos, Teodiceas, Prácticas disciplinares y apropiaciones (Veena Das. Começa na página 437 do livro Sujetos del dolor Agentes de Dignidad)
Material complementar:
- “La antropología siempre es militante” (áudios de uma conferência de Rita Segato)
- Viveiros, Indisciplina-te! (Alex Moraes e Juliana Mesomo)
- Abordagem crítica do perspectivismo viveiriano, fala de Tânia Stolze Lima (no vídeo, a partir do minuto 37:30)
Sessão 4: Às armas! Coordenadas práticas para tencionar hierarquias institucionais e construir o enunciado crítico.
Textos base:
- A copesquisa militante no autonomismo operaísta. (Bruno Cava)
- Romper o monopólio do conhecimento. Situação atual e perspectivas da Pesquisa-Ação Participativa no mundo. (Texto de Orlando Fals Borda traduzido para o número 44 da revista Cadernos do IHU, disponível aqui. O texto começa na página 32.)
- ¿Romanticismo? (Colectivo Situaciones)
- Vídeo Rita Segato “Brasil: colonialidad, élites y universidad”
Materiais complementares:
- Una metafísica crítica podría nacer como ciencia de los dispositivos. (Tiqqun)
- Desdisciplinar a Antropologia (diálogo com Eduardo Restrepo)
- Brinde por uma antropologia delirante (Alex Moraes e Tomás Guzmán)
- Vídeo da entrevista do GEAC a Boaventura de Sousa Santos.
- Vídeo Silvia Rivera Cusicanqui: “Historia oral, investigación-acción y sociología de la imagen”